terça-feira, 20 de abril de 2010

Vai na Certa!


Decidir que curso fazer e em qual universidade é uma grande decisão. Pena que nos dias de hoje, temos que faze-lo às escuras, por assim dizer. Sobretudo àqueles destinados a cursar numa universidade privada, independente de infortúnio ou opção própria. No rótulo das “particulares”, rege a lei do mais forte. Você entra numa panela de pressão destampada, e surfa de acordo com o humor do mercado. Qualidade de ensino? Que nada! Lá se paga justamente para não se ter esse tipo de problema.
Olhem a Unisantos, por exemplo. Nossa universidade. Ela clama aos quatro ventos, ser a dona da melhor qualidade de ensino, da melhor estrutura física, do melhor quadro de professores. Tudo dentro da Unisantos é lindo. Como diria um saudoso professor meu de economia, que por sinal faz parte do melhor quadro de demitidos, até mesmo as latas de lixo são as melhores. Quando você joga uma latinha, ela te dá até tchauzinho. A tampa vai e vem. Ela fala para nós: Vai na certa! Os professores, os funcionários, a internet, a televisão, o rádio. Todos falam. Vai na certa! Maldito marketing. É uma tatuagem mental. Você entra ouvindo isso, e eles fazem questão de repetir isso todo santo dia. Vai na certa!
Mas apesar de tanta propaganda positiva da Unisantos, alguém já se perguntou se está na certa mesmo? Será que a certa faz o que a nossa universidade faz? Claro que sim. Não podemos ser ingênuos. A melhor é aquela que demite bons professores, em prol da redução dos custos. A melhor não gosta de professores doutores, com experiência acadêmica. Ela gosta dos graduados. São mais baratos e não dão trabalho. Bibliotecas com amplo acervo bibliográfico? Que nada. Manda o professor trabalhar com xerox. Revista. Quem puder que compre o livro. Mas é melhor não, porque a leitura é pesada. E se o problema for estrutura física, salas apertadas e quentes demais, é só colocar uma TV de plasma e pronto. Assim como a mãe manda o filho dormir para esquecer a fome. Porém, no nosso caso, nossa mãe esconde a comida para poder comer sozinha depois.
Quando entrei nesta universidade, me perguntei: Estou na certa mesmo? Já desconfiava que não, mas hoje, dois anos depois, tenho a certeza de que a Unisantos está longe de ser a certa. Suas ações não condizem nem de longe com sua propaganda. Aumentam as mensalidades justificando descaradamente seus investimentos e custos. Quais investimentos? Quais custos, pergunto aos meus botões. Enganar os alunos com uma falsa propaganda é normal. Acontece no mundo. Mas mentir. Falar que apenas reajustou as mensalidades, quando na verdade aumentou uma vez no valor integral e outra na bolsa compensatória, é simplesmente rir da cara do aluno. E o pior. Enquanto somos cozinhados. Mesmo assim, com tanta hipocrisia rolando a solta pelo ambiente acadêmico, se o seu cérebro ainda não torrou com o calor, reflita um pouco e transforme o slogan da Unisantos numa pergunta: Vai na certa?

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